Por Janderson
O BRICS Pay, novo sistema de pagamento digital lançado pelo bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos membros como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia, começou a operar em agosto de 2025, inspirado no Pix brasileiro. Anunciado na cúpula de Kazan, na Rússia, a plataforma utiliza tecnologia blockchain para transações rápidas, seguras e de baixo custo em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar. O Brasil, com sua expertise no Pix, lidera a integração do sistema, que promete movimentar bilhões em transações até 2030. A iniciativa responde às sanções ocidentais e busca maior autonomia financeira no comércio global, conectando bancos centrais e instituições financeiras dos países membros. O sistema integra soluções como o Pix, o SBP russo e o UPI indiano, facilitando trocas comerciais sem conversão para o dólar.
A criação do BRICS Pay é um marco para o bloco, que representa 45% da população global e 35% do PIB mundial. A plataforma surge em um momento de tensões geopolíticas, com países como Rússia e China enfrentando sanções que limitam o acesso ao sistema SWIFT. O Brasil, com o sucesso do Pix, que processou R$ 7 trilhões no primeiro trimestre de 2025, oferece um modelo testado para transações instantâneas.
- Objetivos do BRICS Pay:
- Promover transações em moedas locais, como real, yuan e rúpia.
- Reduzir custos de conversão cambial no comércio internacional.
- Garantir maior independência frente a sanções econômicas.
- Fortalecer a competitividade das exportações dos países membros.
TECNOLOGIA BLOCKCHAIN IMPULSIONA INOVAÇÃO
O BRICS Pay utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido pela Universidade Estatal de São Petersburgo. O sistema processa até 20 mil mensagens por segundo, garantindo eficiência e segurança. Diferentemente do SWIFT, controlado por bancos ocidentais, o DCMS opera de forma descentralizada, com cada país gerenciando seu próprio nó. Essa estrutura elimina a necessidade de um controlador central, reduzindo riscos de interferências externas.
A tecnologia blockchain foi escolhida por sua robustez e capacidade de operar em ambientes de baixa conectividade. Durante a fase de testes, liderada por China e Rússia, transações bilaterais em yuan e rublo já demonstraram viabilidade. O sistema também incorpora múltiplos protocolos de criptografia, garantindo proteção contra fraudes e ataques cibernéticos.
- Características do DCMS:
- Estrutura descentralizada com nós gerenciados por cada país.
- Alta capacidade de processamento, com até 20 mil transações por segundo.
- Código aberto após testes, eliminando tarifas obrigatórias.
- Segurança reforçada com criptografia avançada.
A adoção do blockchain reflete a ambição do BRICS de criar uma alternativa moderna ao sistema financeiro global. Países como o Brasil, que já desenvolvem moedas digitais como o Drex, enxergam na plataforma uma oportunidade de liderar a inovação financeira global.
LIDERANÇA BRASILEIRA NO PROJETO
O Brasil desempenha um papel central no BRICS Pay, aproveitando a experiência do Pix, lançado em 2020 pelo Banco Central. O sistema brasileiro, que registrou 227 milhões de transações diárias em setembro de 2025, tornou-se referência mundial em pagamentos instantâneos. A expertise nacional facilita a integração do Pix ao BRICS Pay, permitindo transações transfronteiriças com o mesmo padrão de agilidade e baixo custo.
Durante a cúpula de Kazan, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o sistema como um passo para a soberania econômica. O Brasil, que assumirá a presidência rotativa do BRICS em 2026, planeja liderar esforços para harmonizar sistemas financeiros e superar barreiras técnicas. A criação do Drex, o real digital, também reforça a posição brasileira, com potencial de integração ao BRICS Pay.
A liderança brasileira é estratégica em um cenário de tensões com os Estados Unidos, que criticaram o Pix por impactar empresas como Visa e Mastercard. O BRICS Pay fortalece a autonomia financeira do bloco, reduzindo a vulnerabilidade a pressões externas.
IMPACTO NO COMÉRCIO GLOBAL
O BRICS Pay promete transformar o comércio internacional ao reduzir custos e aumentar a competitividade. Para o Brasil, a plataforma abre oportunidades em mercados como Emirados Árabes Unidos e Irã, que demandam produtos agrícolas e energéticos. A eliminação da conversão para o dólar pode baratear exportações, especialmente no agronegócio e na mineração, setores cruciais para a economia brasileira.
A integração de sistemas como o Pix, o SBP russo, o UPI indiano e o IBPS chinês cria uma rede eficiente para transações em tempo real. Economistas projetam que o sistema movimente centenas de bilhões de dólares até 2030, desafiando a dominância do SWIFT. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) também planeja oferecer garantias multilaterais para reduzir riscos financeiros.
- Benefícios para o comércio:
- Redução de custos com taxas de conversão cambial.
- Acesso a novos mercados no Sul Global.
- Aumento da competitividade de exportações.
- Estímulo a investimentos em moedas locais.
A plataforma também atrai interesse de países como a Arábia Saudita, que negocia adesão ao BRICS, ampliando o alcance do sistema. A iniciativa fortalece o bloco como um polo econômico alternativo, promovendo um sistema financeiro multipolar.
REAÇÕES INTERNACIONAIS AO BRICS PAY
O lançamento do BRICS Pay gerou debates no cenário global. Países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, veem a plataforma como uma ameaça à hegemonia do dólar, que domina 84% das transações globais. Declarações de líderes como o ex-presidente americano Donald Trump, que ameaçou tarifas de 100% contra nações que abandonarem o dólar, intensificaram as tensões geopolíticas.
No entanto, economistas do Sul Global, como o russo Sergey Glazyev, defendem o sistema como um marco para a autonomia financeira. Para o Brasil, a adesão ao BRICS Pay pode minimizar os impactos de sanções econômicas e fortalecer parcerias com China e Índia, principais destinos de suas exportações. A plataforma também é vista como uma resposta às críticas ocidentais ao Pix, reforçando a soberania financeira do bloco.
INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS NACIONAIS
A viabilidade do BRICS Pay depende da conexão entre sistemas de pagamento nacionais, como o Pix, o SBP russo, o UPI indiano e o PayShap sul-africano. Cada sistema tem características próprias, mas a digitalização de moedas, como o Drex brasileiro, facilita a interoperabilidade. O Brasil lidera esforços para superar desafios técnicos, como diferenças em protocolos de segurança e legislações financeiras.
A integração exige cooperação intensa entre os bancos centrais do bloco. Durante a presidência brasileira em 2026, o país planeja avançar na harmonização de políticas tributárias e cambiais. A experiência do Pix, que opera 24 horas com custos reduzidos, serve como base para criar um padrão global de pagamentos instantâneos.
- Sistemas integrados ao BRICS Pay:
- Pix (Brasil): 227 milhões de transações diárias em 2025.
- SBP (Rússia): Transferências via número de telefone em 200 instituições.
- UPI (Índia): Interface unificada com ampla adoção desde 2010.
- IBPS (China): Suporte a transações em yuan por múltiplos canais.
FUTURO DA PLATAFORMA
O BRICS Pay representa uma mudança estrutural no comércio global, com potencial para atrair novos membros e expandir sua influência. A plataforma pode redefinir as dinâmicas financeiras, promovendo maior estabilidade em um cenário de incertezas geopolíticas. Para o Brasil, o sistema fortalece laços com parceiros do Sul Global, reduzindo custos e ampliando mercados.
A longo prazo, o BRICS Pay pode consolidar o bloco como uma força econômica alternativa, desafiando sistemas tradicionais como o SWIFT. A liderança brasileira, combinada com a tecnologia blockchain, posiciona o país como um protagonista na construção de um sistema financeiro mais inclusivo e independente.